Sentados na areia da praia, os cinco olham em silêncio para o infinito. As férias no Brasil estão a terminar e o regresso a casa, às aulas e à rotina avizinha-se. No entanto, todos sabem que, quando voltarem, os seus corações estarão mais cheios. De esperança, de revelações e de dúvidas.
– A avó da Mel tinha razão – murmura Zé, pensando no que aconteceu durante os Jogos Olímpicos.
– Por que é que te lembraste da avó Maria agora? – pergunta a irmã.
– Porque ela nos disse, quando estávamos nos Açores, que havia mais pessoas envolvidas no despertar da nova era. Não se lembram? Foi aí que percebemos que todos nós tínhamos um passado que explicava sermos os escolhidos. E também descobrimos que, para além, dos homens de negro, nossos guardiões, outras pessoas sabem do nosso segredo.
Pedro, que estava atento à conversa dos primos, replica:
– Sim, é verdade. E a cada aventura que vivemos, encontrámos mais deuses que estão contra nós.
Mel acrescenta:
– Mas também descobrimos sempre que há mais alguém do nosso lado! A primeira foi a minha avó, descendente dos atlantes – diz, orgulhosa. – Desta vez, foi a mãe do António.
– Felizmente! Até que enfim que se acabou o inferno de achar que a minha mãe estava contra nós e que era a Medusa – suspira o rapaz, aliviado.
– Ainda bem que é a tua tia! – exclama Pedro, dando uma gargalhada que logo interrompe quando vê o olhar crítico dos primos.
– E agora? – prossegue Mel, olhando para António. – Quem seria aquela deusa de arco e flechas que vimos nos Jogos Olímpicos? Mais uma personagem da mitologia contra nós?
Nenhum deles sabe a resposta. Todos olham para o rapaz, que não responde. É Pedro que sugere:
– Se calhar vimos mal!
Mel contrapõe:
– Pode ser apenas uma coincidência, mas todos percebemos que ela era igualzinha ao António!
Olhando incrédula para a ausência de resposta dos outros, acrescenta:
– E o que faria uma simples espectadora dos Jogos Olímpicos vestida como uma deusa?!? Não faz sentido!
Pedro, sabendo que não há respostas, continua a lançar ideias:
– Se calhar era uma fã dos Jogos Olímpicos e dos deuses!
– Sim, e trazia uma arco e flechas para quê? – responde Mel, já irritada.
A cumplicidade de Zé e de Alice, consolidada no Brasil pelas descobertas feitas sobre o passado mágico de ambos, fá-los responder em coro:
– Só os homens de negro nos vão poder responder!
O silêncio volta a tomar conta dos cinco heróis. Todos observam pela última vez o pôr do sol no Brasil. Na manhã seguinte, regressam a casa e levam consigo a certeza de que terão de esperar pela próxima missão para perceber se a jovem com o arco e flechas estará ou não do lado deles.